"Os velhos e o mar..."

"Não devia haver nem sequer uma só pulga ou piolho ainda vivos nas barbas da tripulação daquele navio. Tudo que ainda respirava parecia tratar de morrer afogado; até mesmo as ratasanas jogavam-se ao mar para nadar e sumir.
Já era o terceiro dia de chuvas pesadas e tempestade sem fim... O som incessante das trovoadas ensurdecedoras se sobrepunha e os raios eram de um branco tão claro que suas ramificações iluminavam o mar revolto por quilômetros...
Foi só então que o velho Olsen, último sobrevivente, percebeu que poderia ser tudo um castigo pelo roubo das relíquias cristãs na pilhagem dos monastérios irlandeses: - Se o deus cristão é um deus único, um deus de tudo, então também domina e pode acalmar o mar! - Pensou. - E se ele deixou os mortais matarem seu filho por perdão, talvez me perdoe se jogar o baú com todo ouro e prata roubados ao mar. O deus da culpa e do arrependimento ficará orgulhoso disso - concluiu ele. E assim tomou finalmente a coragem para largar o beiral e tentar caminhar pelo convés, mas antes que alcançasse o baú com os tesouros - por maldição ou não - o navio deu um solavanco em uma grande onda e ele foi lançado ao mar para jamais ser visto novamente!"

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