"Onde andará Yondalla?"

"-Antarolas! Antarolas! Super saborosas! - Assim gritava o halfling de traz de sua pequena mesa de frutas. Chegara tarde à cidade e o único lugar disponível para instalar sua banca fora debaixo do portão... Ficou entre outras duas barracas bem maiores, de onde mal podia ser visto.
-Antarolas! Antarolas! Super saborosas! Só duas peças de cobre a meia dúzia! - Ele continuava a gritar. Minúsculo no meio da agitada e barulhenta multidão que entrava e saía da cidadela. As pessoas mal podiam ouvi-lo.
-Antarolas! Antarolas! As últimas da estação! - O vendedorzinho persistia.
-Antarolas, Antarolas! As mais doces que...
-Saiam da frente, em nome do rei! - Gritou alguém com uma voz grave. Era um mensageiro real. Se aproximava do portão galopando em um cavalo de guerra. Muito veloz, o cavalo provocava uma nuvem de poeira e afastava a multidão amedrontada.
Assustados, os vendedores correram retirando suas bancas do caminho. O pequeno halfling, instalado bem no meio do portão, não teve tempo. Esquivou-se rápido deixando sua mercadoria a mercê.
-Minha mesa! - Gritou ele escorado bem rente à parede quando o cavalo a atropelou, sem pestanejar. Ela se quebrou em vários pedaços jogando as frutas pelo ar.
Sem se responsabilisar, o mensageiro continuou seu curso, devolvendo a "paz" ao lugar. As bancas voltaram aos seus lugares e a multidão aos seus afazeres. Mas o halfling permaneceu parado. Angustiado. Impotente. Olhando o que sobrou da mesa e as frutas espalhadas pelo chão...
Minutos depois. Tendo concluído que já não tinha mais motivos para permanecer ali. Numa atitude típica de um halfling. Ele apanhou do chão uma das frutas machucadas e deixou a cidade.
Caminhou em direção à planície, onde bem ao longe, podia-se ver o seu bosque.
Mais tranquilo, foi comendo e cantarolando em rima:
-Um mensageiro chutou meu traseiro e uma égua sem bolas, as Antarolas. Já não tenho mesa, meu deus que tristeza. Não foi uma disputa, só restou uma fruta! Então mesmo sem asa eu vôo pra casa. Atravesso o portão, o rei é um bobão, atravesso a planície, outra chatisse[...]"

Tiarles M. Rodeghiero


Antarola:
No meu mundo de RPG a Antarola é uma fruta cítrica selvagem. Relativamente rara, é muito saborosa e apreciada por todos os povos. Os Halflings, especialmente, usam essa fruta na produção de sua bebida favorita, o Tarol. Um destilado fortíssimo que já agradou reis e que pode alcançar altíssimos preços no mercado. Porém, os halflings consideram essa bebida um presente de sua deusa e não a comercializam nem divulgam a receita.

Comentários

  1. Massa a história...
    que engraçado, hoje eu tava lendo um livro (cidades invisiveis) que é uma suposta narração de marco polo, sobre cidades que ele visitou, várias delas... é um belo livro, e achei ótimas as descrições para partidas de rpg, recomendo.

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  2. Muito legal, andei lendo outros de teus contos, só ainda não havia comentado, estão realmente muito legais,e a canção deste encerrou com chave de ouro!
    Quanto a ilustração, achei que realmente atendeu a o perfil de um modesto vendedor de frutas... e a expressão do rapaz diz tudo!!!
    Agora me desculpa, mas com essa bermudinha, as antarolas não são as únicas frutas do conto!!! ;)

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  3. Ele vive numa cabana simples e minúscula, num bosque a 9 quilômetros da cidadela.
    Dormiu pouco e saiu de casa de madrugada para chegar pela manhã na cidade e arrumar um lugar de última categoria pra vender as frutas dele e tu ainda chama o cara de viado??? Seu insensível!
    hahauahauhaua
    As definições de ridículo de um mundo onde existe uma raça inteira de pessoas de tamanho inferior ao de um pigmeu devem ser bem diferentes das nossas, mas eu ri bastante da tua piada.
    Valeu pelo comentário!
    =]

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  4. buáááááááááá
    Que história bem triste, ohhhh, meu deus, eu vou me matar, pobre Halfling.
    Isso me lembra aquele cusco do Marley e Eu, buáááááá. Que história bem triste, acabou por aqui o sentido da minha vida. Obrigado Tiarles, por me mostrar que o melhor caminho é o Suicidio.

    MMR

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