Ilustração nova! - Um elfo desta vez!


"A caravana levantou acampamento bem cedo, junto do nascer do sol. Os caminhos que tinham que percorrer ficavam agora em área de floresta menos densa, o que significava dias mais longos e, conseqüentemente, mais aproveitáveis. Queriam compensar os atrasos dos dias anteriores.
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Para os elfos da escolta, os ataques das aranhas gigantes e os dedos perdidos em plantas carnívoras eram resultado do mal comportamento de seus protegidos. Eles concordavam que a floresta não era nenhum jardim real e que as criaturas que lá viviam também não faziam o tipo animal doméstico, mas, entretanto, culpavam as maneiras e a falta de cautela dos anões mascates: – A quantidade de barulho que eles fazem é proporcional a sua ambição e indelicadeza. Seres complicadíssimos, esses anões! Não fosse nossa falta de mantimentos, eu deixaria que percorressem sozinhos a “maldita floresta”. Como se atrevem a insultar as árvores? - Dizia o líder dos elfos, numa clara amostra do clima pesado de
desavença e reclamação que predominava na viagem, que já passava de cinco dias.
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Mas para Arael, um dos elfos arqueiros do grupo, tudo parecia excepcionalmente fantástico. Recém formado, ele ainda olhava maravilhado para o arco que recém ganhara, e passava o dia a lembrar e relembrar da cerimônia de entrega das presas dos orks ao seu líder. O ritual de passagem foi a melhor coisa que havia lhe acontecido na vida e nada parecia poder mudar o seu estado de felicidade. Nada, nem mesmo o fedor das aranhas gigantes mortas ou o anão, gritando, tentando tomar da planta os seus dedos de volta. Para ele a escolta da caravana de mascates anões era a aventura perfeita depois da formatura perfeita. A oportunidade ideal para aprender mais sobre a floresta e treinar sua pontaria com "alvos móveis".
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Dessa forma, apesar das diferenças culturais, o grupo avançava, vencendo aos poucos as suas desavenças. Estavam tentando ser tolerantes e a brisa refrescante da alvorada, balançando levemente a copa das árvores, parecia estar ajudando. Arael, em seu estado de elevação espiritual por felicidade, já tinha até aprendido a respeitar os anões, e já não acreditava mais na teoria da grosseria suprema: - No fim das contas, apesar de tudo, parecem ser bons sujeitos. – Pensou ele, surpreso com sua facilidade em aceitar os famosos "maus modos" alheios.
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E não bastasse a alegria que já tinha, teve outra surpresa. Caminhando distraído, relembrando dos orks dos quais arrancou as presas, tropeçou em algo que conseguiu mudar o seu semblante para melhor; uma caixa dourada.
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- Nossa! Uma caixa de “sopro da acuridade”! – Disse ele, surpreso – Todo arqueiro deseja experimentar os seus efeitos. Só vi uma caixa destas uma vez na vida... A sorte parece sorrir para mim! - Pensou ele, mas sua felicidade durou pouco:
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- O que pensa que está fazendo, orelhudo? Por acaso viu uma ninfa? Pode tirar esse sorriso da cara! Devolva-me isto! – Falou em voz alta um Anão gordo, do outro lado da caravana.
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Desconfiado e inseguro, Arael respondeu em dúvida:
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- Mas... Você está aí do lado, como ela pode ser sua?
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Sem surtir efeito, as palavras do elfo foram em vão:
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- Sem desculpas, me devolva logo a caixa. E fique atento! A minha segurança é sua responsabilidade, não ouviu o seu líder?
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- Sim, senhor! Aqui está. – Respondeu o elfo, sem hesitar, jogando a caixa dourada para o anão, antes de marchar descontentente de volta ao seu posto.
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Ele não tinha certeza sobre a posse da caixa e sua inexperiência também contava. Além do mais, não fazia o tipo firme, que batia boca, e preferiu devolver o objeto. Uma discussão nesse momento delicado da viagem também poderia piorar ainda mais a convivência do grupo e, com um pouco de azar, até resultar em um combate. Devolvida a caixa, assunto encerrado. O elfo tinha certeza de ter feito a coisa certa: - Não vou ficar abalado por isso! A caixa devia ser dele mesmo, eu que não devo tê-la visto cair... É possível, eles ficam transitando para frente e para trás na caravana... - Concluiu ele, sem permitir que o fato o aborrecesse.
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Mas segundos depois, o aborrecimento veio:
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- Não é que funciona! – Exclamou o anão, para a surpresa de Arael - Eu sinto como se pudesse acertar os testículos de um Kobold a 100 metros daqui com o meu machado! – Disse ele, erguendo os braços, com o machado em uma mão e a caixa dourada vazia na outra. Como se não bastasse, ele continuou:
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- Tome, garoto, fique com a caixa, ela não é minha. – Disse o anão, em meio a gargalhadas vigorosas. Seu tom não era de deboche, mas suas palavras afetavam o elfo - E não tenho idéia de quem seja. Os "sopros da acuridade” são produzidos pelos Halflings e não negociamos com eles. – Concluiu o anão.
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Controlando-se ao máximo, Arael tentou não demonstrar reação. Estava ocupado demais controlando sua raiva e descobrindo que
conhecer a floresta e o “mundo” podia não ser tão divertido quanto pensava. Ele conhecia agora uma das principais diferenças entre o povo da floresta e o povo das cavernas; o humor apimentado.
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- O que posso fazer? Nada... - Pensou ele, de novo, tentando esquecer o fato ao admirar o seu poderoso arco composto élfico.
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Dois dias depois, já em casa, Arael ficou sabendo que o anão da caixa dourada havia morrido, de mal súbito, durante uma negociação na feira central da cidade. Sem se pronunciar, o elfo sentiu muito e o agradeceu profundamente ao anão em suas preces. Durante as orações, para o seu espanto, pode jurar ter ouvido a voz dele; Em meio ao som de gargalhadas graves e sinceras, ele parecia dizer: - Nunca beba poções que encontrar pelo chão, meu garoto. Seja sábio e boa sorte em sua jornada! - Depois daquilo, Arael nunca mais foi o mesmo."




Teste de ilustração direto no photoshop e um conto mais ou menos que me deu vontade de escrever.
Até mais!

Comentários

  1. como assim 0 comentários?;;?????? porra cara ta muito foda!!
    tu ta preparadíssimo pra tarablhar com isso.

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  2. Pow, valeu Jota! =]
    Mas não é pra tanto, ele nem tá de armadura ou coisa assim... Deixa eu fazer mais uns 10 desses, aí eu aceito o emprego. Heheh
    Valeu!

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  3. PORRA CHARLIE!!! Tás chutando bundas hein caralho??? PORRA!
    Quando rola aquela oficininha de textura pro gafanha? Fuck Yeah meu!

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  4. Tiarles,

    Esses teus desenhos são muito maneiros! Você usa uma programa para dar esses efeitos? É uma pintura?

    Me amarrei naquelas camisetas personalizadas. Show de bola!

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  5. Opa, antes de tudo, obrigada por seguir meu blog ;DDDD
    Vamos por partes! Eu te achei no Steambook, mas antes disso ja tinha visitado o blog há muito tempo atrás, pq alguem linkou umas fotos steampunk ai eu vim conferir.
    Como eu adoro desenhos, aproveitei pra te seguir hahahahaa
    E que legal, vc e sua boffa gostaram do pedra, papel e tesoura!!!Rachei de rir quando achei aquele gif xDDD E sim, Deus rouba *blasfemando!!!* hauhsuahusuas

    Mas ei, ninguém do teu vilarejo conhece rpg nao?! apresenta pro povo e monta uma mesa =B
    Tais tentando mestrado em que tanto?! Boa sorte nisso também =)

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  6. Amei como posso ser parceiro?? :P

    http://artmusicblog.blogspot.com/

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  7. Que lindo!!!!

    adorei anjju!!

    saudade!

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  8. Valeu pelos comentários Gustavo, Gafanha, Jones, Camila, Bibs, Pepe... Valeu mesmo, pessoal!
    Muito obrigado!

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